segunda-feira, 13 de junho de 2011

Comemoração do 103º aniversário de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é o nosso poeta mais íntimo, e todos gostamos de acreditar que o conhecemos profundamente. Mas quantos sabem que ele inventou o aerograma, criou um slogan para a Coca-Cola, ou mesmo que era iniciado em artes místicas?


Complexo, controverso e apaixonante, o criador dos mais charmosos heterônimos da literatura mundial encontrou no coração dos brasileiros, o palco ideal para encenar seu "drama-em-gente", misto de vida e obra, máscaras e emoções. Naturalmente, tanto quanto Drummond, Vinicius, Bandeira, Pessoa é considerado um poeta nosso, e o gosto mútuo pelo uso do gerúndio não será a única explicação para esse caso de amor.


Quando morou em Lisboa, no ano de 1914, o poeta carioca Ronald de Carvalho chegou a conviver com ele. Ambos participaram da criação da revista Orpheu (a publicação, a princípio, seria luso-brasileira, ideia que, afinal, não vingou).


O feliz namoro entre Pessoa e os brasileiros começou efetivamente no início da década de 1940, quando desembarcou no Brasil, depois de ser apreendida em Portugal uma edição inteira contendo uma seleção de textos que incluía város poetas heterônimos. Até aquele momento, mesmo no nosso meio literário, quase ninguém conhecia o poeta. Surgiram então os primeiros estudos literários; vários artistas passaram a retratá-lo em versos, tintas e canções; e mesmo Drummond escreveu mais de um poema em homenagem a ele.


Dos saraus, nos anos 1950, aos palcos da contracultura, na década seguinte, a popularidade do poeta fingidor aumentou consideravelmente entre nós. Mas, a rigor, ele ainda era um escritor para iniciados.


O poeta só conquistou o grande público no começo dos anos 1980, com a publicação do Livro do Desassossego (um texto em prosa, claro). A glorificação póstuma seria sacramentada na mesma década, com a celebração em Portugal do cinquentenário de morte, em 1985, e do centenário de nascimento, em 1988. Desde então, Pessoa não para de ganhar adeptos, penetrando na corrente sanguínea da sociedade humana através dos poros e dos sentidos, enquanto sua figura se agiganta cada vez mais perante os grandes nomes da literatura universal.



Texto de Claufe Rodrigues, poeta e jornalista.



Nenhum comentário:

Postar um comentário